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A arquitetura estrutural do meu salto

metropolis

A arquitetura estrutural do meu salto é a última sobrevivente de uma longa linhagem de engenharias heroicas que começou com os aquedutos romanos e terminou, inexplicavelmente, sustentando alguns centímetros de pura vaidade sobre um ponto de contato menor que um obelisco visto de muito longe. Historicamente, é um gesto arquitetônico audacioso: uma microcoluna clássica comprimida em aço, madeira ou acrílico, projetada não para suportar o peso de impérios, mas para carregar o drama do dia, o charme da noite e a instabilidade emocional das calçadas irregulares.


Ironia das ironias, esse minúsculo pilar — tão frágil quanto um orçamento público — compreende perfeitamente o que muitos edifícios ignoram: que equilíbrio é uma ficção, mas pose é realidade. E assim meu salto, com toda a arrogância vertical de quem se sabe indispensável, torna-se um pequeno arranha-céu ambulante, provando que a arquitetura mais radical talvez não esteja nas cidades, e sim nos pés que ousam atravessá-las.


Porto Alegre, 2025

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