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As moscas e a arquitetura

Atualizado: há 2 dias

metropolis

“As moscas e a arquitetura” é, essencialmente, a história de como um dos seres menos queridos do planeta se tornou o mais implacável crítico arquitetônico já existente. Enquanto arquitetos gastam décadas aperfeiçoando conceitos como “transparência”, “leveza” e “sustentabilidade”, as moscas demonstram, com notável objetividade, que nenhuma dessas abstrações resiste a uma fresta de 2 milímetros na janela.


Desde as pirâmides até os edifícios de vidro ultra-selados e climatizados do século XXI, elas estão lá, atravessando séculos de estilos arquitetônicos com a mesma confiança de quem sabe que sempre encontrará um cantinho mal concebido, uma circulação mal resolvida ou um brise-soleil que funciona melhor como playground do que como dispositivo climático. E talvez o mais desconcertante seja perceber que, enquanto os arquitetos fazem concursos para decidir quem desenha o próximo ícone urbano, as moscas simplesmente entram — sem credencial, sem briefing, sem render. No fundo, “as moscas e a arquitetura” é o lembrete incômodo de que não importa quão inovador o projeto seja, sempre haverá uma mosca pronta para provar que a verdadeira falha não está no edifício, mas na pretensão humana de achar que pode controlar o espaço.


Apesar de séculos de evolução construtiva, talvez os verdadeiros especialistas em habitar espaços continuem sendo elas: criaturas que não entendem o projeto, mas entendem perfeitamente suas brechas.

 

Porto Alegre, 2025

 
 
 

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