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As colunas tortas de Gaudí

Atualizado: há 2 dias

Four Chairs de Steven Holl
Antoni Gaudí, Cripta da Colónia Güell, 1898-1917.

As colunas tortas de Gaudí são aquele raro momento em que a arquitetura consegue parecer, ao mesmo tempo, profundamente complexa e ligeiramente bêbada. Enquanto os engenheiros tentavam endireitar o mundo, Gaudí decidiu que a gravidade merecia ser provocada — e fez das colunas verdadeiros bailarinos inclinados, como se o templo inteiro estivesse participando de uma coreografia litúrgica experimental.


Naturalmente, chamam isso de “geometria catenária”, mas no fundo parece apenas o resultado de alguém que olhou para uma árvore, achou que ela era muito reta e resolveu “melhorar”. E, ironicamente, quanto mais torta a coluna, mais sólida ela é — um paradoxo que deixa qualquer racionalista moderno desconfortável o suficiente para começar a suspeitar que a natureza e Gaudí estão conspirando para provar que a lógica é superestimada.


No fim, as colunas tortas funcionam como um lembrete arquitetônico de que, às vezes, a estrutura mais forte nasce justamente quando a gente desiste de tentar parecer sério. E Gaudí, claro, nunca pareceu tão sério quanto quando estava brincando.


Porto Alegre

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